quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Meus botões e Sêneca

"Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida"

Sêneca

     Pensando com meus botões acerca da saudade me lembrei dessa frase de Sêneca. E eis que aí está a chave: Passamos dias a nos desmanchar em saudades e essas vidas, dias, se esvaem. Enquanto que passamos os dias em que deveríamos estar esvaindo a saudade e não nos lembramos mais da saudade que outrora estávamos a sentir. O coração aquece e a tristesa esmaece. Está certo? Deve-se sempre viver a vida o mais intensamente possível e nem precisa cair no clichê de "como se fosse o último dia", porque não é assim que deve ser, não é o último dia, isso pincela um tom melo-trágico de novela barata, deve-se ver os dias como uma vida. O que eu desejo? Quais são meus sonhos? Em que parte dos meus devaneios que eu me perco? Respondendo isso, já consigo ter uma noção de ontem e hoje. Sabendo do hoje sei que o amanhã é incógnita, com isso entendo que não posso deixar para o acaso me guiar. A gente é o agente da nossa própria existência! Somos norte e sul sem sair do meridiano. Somos frio e quente sem nem ao menos precisar determinar temperatura, somos o que quisermos ser. Basta querer. Basta ser. Basta viver. Viva e viva forte, viva intenso, viva sua vida inteira hoje, viva o que há para viver nesse instante. Corra, pule e brinque a alegria de ter conquistado o mundo num pôr-do-sol e amanhã reinvente o amor. Faça do sabor um ardor. Seja fulgaz sem precisar ser mais. Seja o que é, seja o que quiser ser. Mas viva hoje, viva a beleza do visível, sinta a força do indescritível. Faça a saudade das coisas próximas ser reduzida a uma vida. A vida que você viveu ontem. A de hoje é só alegria. Não há mais tempo para chorar, o pranto ficou na saudade. A saudade de uma gaivota no horizonte, distante... Pinte lembranças em aquarela, escreva memórias de aluguel e seja a esperança irradiante dos olhos de uma criança, mas não se entregue a ela, não a transforme em ponto de fuga. É artifício, benefício, mas nunca digna de desperdício. E quando conseguir entender a plenitude de se viver em algumas horas o que traçam para anos, você saberá quantos amores e sabores perdemos por querer viver apenas uma vida. Não devemos transformar uma vida em anos e sim dias em vidas, transformar sussuros do silêncio nas mais bem definidas melodias. Esqueça a saudade, pois esquecer as dores não nos faz esquecer os amores. A melhor maneira de se viver é apenas saber viver.

5 comentários:

Unknown disse...

Taááá lindo esse blog! Amei! E com minha irmã então escrevendo... Está Mara!

lpzinho disse...

Opa.... acredita que eu estava falando com uma amiga exatamente sobre isso HOJE??

Parece que no ar, existe uma coisa.. uma energia, uma vibração que conduz as vezes, pensamentos e idéias em comum!
E a grande conclusão...se é que numa obra aberta como a VIDA exista uma conclusão mesmo.. mas enfim, o melhor é sempre entender que a vida ocorre nos HOJES e não em futuros, passados, lembranças e saudades.
Bom demais ler suas letrinhas!!
Beijo amiga maior!!^^

Isabella Colmanetti disse...

Muito interessante a abordagem, Nathi!
Acho que ultimamente, como você mesma disse, passamos a pensar nas saudades, e, quando vemos, a vida passou. Não só em saudades, creio eu, mas passamos a viver de futuro, sem pensar e curtir realmente o presente. Não há mais a essência do momento, e sim, a essência do futuro. Pensar no futuro é essencial para um presente de sonhos, mas deixar de viver o presente, é não deixar herança pro futuro do seu passado ;)

Mariah disse...

a gente usa metade do presente, planejando...e a outra metade...tendo saudade.

Suelen Ronconi disse...

Não era para menos que o nosso idioma aprendeu antes de qualquer outro o que significava a saudade. A gente vive de saudades, também. E que não seja isso tão pura e simplesmente.

Gostoso demais de ler esse texto, Nathi. (;

 
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